Como consultar as cartas de Tarot?

Tarot e Consulta, como fazer?
Como consultar as cartas de Tarot

Qual o segredo e como consultar as cartas de tarot?

Tenho alguns posts antigos que escrevi sobre como consultar as cartas do tarot, artigos que explicam como funciona a consulta de tarot e esclarecem para o consulente toda a dinâmica de uma consulta às cartas, tanto do tarot como o baralho cigano, como funciona o tarot, porque funciona, o que esperar de uma consulta de tarot, como encontrar um tarólogo confiável, etc

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Por isso, agora, nesse artigo, trago algumas explicações sobre como consultar as cartas do tarot sob o ponto de vista de um tarólogo, especificamente para pessoas que muitas vezes me procuram querendo compreender como aprender, os métodos, autores, escolas de tarot, ou seja, é um artigo sobre tarot para esclarecer a curiosidade, tanto de consulentes como de pessoas que desejam aprender o tarot seriamente.

Afinal, como consultar as cartas do tarot?

As cartas do tarot têm uma origem fundamentalmente desconhecida, embora haja diversas hipóteses sobre essa origem apontadas por diversos pesquisadores.

A maioria dos estudiosos acredita que o Tarot teria surgido como um simples jogo de cartas na Europa medieval, o que não explica integralmente a origem efetiva dessas cartas.

Sob esse ponto de vista, as cartas do Tarot seriam uma evolução dos baralhos de jogar comuns, utilizados para fins de entretenimento e recreação e que em sua origem, seriam anteriores às cartas europeias.

Desse modo, embora seja ainda controversa e inconclusiva a afirmação dessa origem, alguns autores sugerem que esses baralhos de jogar comuns possuíam uma estrutura de quatro naipes (ouros, copas, espadas e paus) e que poderiam ter influenciado a organização dos Arcanos Menores do Tarot.

Sugerem também que esses primeiros baralhos que deram origem ao tarot foram trazidos do oriente ao ocidente europeu no período das Cruzadas, vindo daí uma das possibilidades que fundamentam as raízes históricas do tarot, embora, pela referência histórica, as datas entre o fim das Cruzadas e o surgimento do tarot na Europa não coincidam, pois há uma janela de cerca de 50 ou 60 anos separando esses eventos.

Há também uma tese sobre a origem árabe dessas cartas, o que coadunaria com a possibilidade do intercâmbio no período das Cruzadas na difusão desse jogo, conhecido como cartas Mamlûk, nas quais as similaridades com os arcanos menores do tarot de Marselha são extremamente significativas (um baralho de 52 cartas numeradas e cartas similares as cartas da corte).

Também podemos levar em consideração influências multiculturais na origem e desenvolvimento do tarot, pois, foi por meio da convivência pacífica entre Cristão, Muçulmanos e Judeus, a qual se deu por diversos séculos na Europa, em especial, na região da península ibérica, que houve de maneira importante o desenvolvimento da filosofia e das artes, assim como das ciências exatas, astrologia, astronomia, o que de algum modo, certamente pode ter influenciado culturalmente no desenvolvimento da iconografia das cartas do tarot.

Desse modo, percebemos que ter um pensamento reducionista objetivando uma origem única ou exclusiva para as cartas do tarot acaba por se mostrar algo contraproducente, pois, aprofundando as leituras e pesquisas, vemos que essas investigações sobre as raízes históricas ainda estão longe de se completarem ou ainda, talvez nunca venhamos realmente a estabelecer essa origem completamente.

Uma das fontes mais interessantes que abordam essa temática é o livro “The Encyclopedia of Tarot” de autoria de Stuart R. Kaplan e que vale a pena ser estudado com atenção por todas as pessoas que desejam aprender verdadeiramente a trabalhar com o tarot.

Mas de modo resumido, acredita-se portanto que as cartas do Tarot teriam surgido e se desenvolvido a partir de baralhos de jogar comuns vindos do oriente, possivelmente de origem Árabe e que eram utilizados para fins de entretenimento e recreação na Europa medieval, com o posterior acréscimo dos arcanos maiores.

Esses baralhos comuns foram conhecidos como “trionfi” ou “naipes” e eram mioto usados para os jogos de cartas populares na época.

Já escrevi um artigo específico sobre esse primeiro momento do desenvolvimento do tarot na Europa que vale a pena ser lido por quem desejar compreender melhor esse momento: Tarot – Como Surgiu?

Quanto a relação do tarot com as leituras e previsões, assim como, as associações das cartas do tarot a outros modelos simbólicos ligados ao hermetismo, Cabala, ocultismo, etc, só se daria muito tempo depois…

Tarot e Hermetismo

Há uma segunda linha de estudos que associa o tarot aos estudos herméticos, na verdade, um segundo momento na trajetória da história do tarot do ocidente.

O Hermetismo é uma tradição esotérica que se baseia nos ensinamentos atribuídos a Hermes Trismegisto, uma figura lendária e que supostamente combinava conhecimento e sabedoria do antigo Egito com a filosofia grega.

O Hermetismo contém uma ampla gama de tópicos, que incluem a alquimia, astrologia, magia, Cabala, etc.

Desse modo, ocorreu naturalmente, com a expansão e popularização do tarot, um interesse por parte de vários ocultistas na Europa a partir do século XVIII que começaram a estabelecer algumas correspondências entre as cartas do tarot e as ciências herméticas.

Segundo a tradição hermética, existiria uma interconexão entre o macrocosmo (o universo) e o microcosmo (o indivíduo), e, por meio de uma série de possíveis associações entre a estrutura do tarot e as demais áreas dos estudos herméticos, esses ocultistas começaram a desenvolver suas hipóteses.

Não tardou para que encontrassem “pontos em comum” entre o hermetismo e o tarot, de modo que, logo as cartas do tarot não eram consideradas mais apenas um conjunto de cartas para jogos lúdicos e diversão, e sim, “as lâminas que escondiam os segredos ocultos dos não iniciados nos mistérios”.

Sob esse ponto de vista, vários estudiosos do ocultismo da época, entre eles, Antoine Court de Gébelin e Eliphas Lévi, consideraram o Tarot como uma representação simbólica do sistema hermético.

Eles viram os 22 Arcanos Maiores como correspondendo aos 22 caminhos da Árvore da Vida da Cabala, uma antiga tradição judaica de misticismo. Essa correspondência foi o que basicamente estabeleceu o vínculo entre os princípios herméticos e a estrutura do Tarot.

Foram incorporados também outros sistemas simbólicos nesse inter-relacionamento do tarot com o hermetismo, onde elementos da numerologia e da astrologia também passaram a compôr o cabedal de influências na interpretação das cartas.

Evidentemente, são conhecimentos e associações simbólicas que não devem alterar a interpretação original dos arcanos do tarot e nem os elementos básicos da sua estrutura original, até mesmo porque, na maioria das vezes, há inúmeras contradições nas “interpretações” das cartas do tarot por esses estudiosos quando as relacionam com o simbolismo astrológico, numerológico e cabalista.

Além disso, é possível muitas vezes observar apenas a repetição de informações na literatura desses autores, de maneira subsequente, o que aponta que um copiava do outro diversas informações e acrescentava “alguma novidade”, normalmente, sem fontes definidas para essas novos acréscimos.

Ou seja, é fundamental para qualquer pessoa que queira se tornar um tarólogo profissional conhecer essas abordagens históricas, mas, mais fundamental ainda, é ter bom senso e discernimento para não ficar confuso em meio a diversas informações contraditórias que poderá encontrar.

Para uma compreensão adequada desse linha de estudos que associa o tarot com às ciências herméticas, temos alguns autores principais que precisam ser lidos:

  1. Antoine Court de Gébelin (1725-1784): Court de Gébelin foi um um dos primeiros estudiosos a propor uma relação entre o Tarot e o Hermetismo. Em sua obra “Le Monde Primitif” (O Mundo Primitivo), publicada em 1781, ele argumentou que as cartas do Tarot eram um livro de sabedoria egípcio-hermético, transmitido ao longo dos séculos, o que contudo, foi contestado posteriormente por autores que promoveram uma investigação mais profunda nessa teses.
  2. Jean-Baptiste Alliette (1738-1791) foi um famoso ocultista francês que desempenhou um papel fundamental na popularização do Tarot como um sistema divinatório. Em suas obras, como “Etteilla, ou a Arte de Ler as Cartas” (1783), ele associou as cartas do Tarot aos ensinamentos herméticos e cabalísticos, criando um sistema próprio de interpretação das cartas.
  3. Eliphas Lévi (1810-1875): Lévi foi um outro famoso ocultista francês, talvez até o mais importante no desenvolvimento do Tarot como um sistema esotérico neste primeiro momento. Em sua obra “Dogma e Ritual da Alta Magia” (1854), ele conectou os Arcanos Maiores do Tarot com os princípios herméticos e as correspondências cabalísticas, porém, com algumas “adaptações” para que fosse possível estabelecer essas relações.
  4. Papus (1865-1916): Papus, cujo nome verdadeiro era Gérard Encausse, foi um médico e ocultista francês que escreveu extensivamente sobre o esoterismo. Em sua obra “Tarot dos Bohemios” (1889), ele apresentou uma interpretação hermética dos Arcanos Maiores do Tarot, enfatizando sua relação com a tradição hermética e a Cabala.
  5. Aleister Crowley (1875-1947): Crowley foi um influente ocultista britânico e fundador da ordem esotérica chamada A∴A∴. Em sua obra “Livro de Thoth” (1944), ele explorou a conexão entre o Tarot e o Hermetismo, fornecendo uma análise detida dos Arcanos Maiores e sua relação com os princípios herméticos e alquímicos.
  6. Israel Regardie (1907-1985): Regardie foi um escritor e ocultista britânico conhecido por seus estudos sobre a Golden Dawn, uma ordem mágica do século XIX. Em suas obras, como “A Golden Dawn” (1937), ele abordou a relação entre o Tarot e a tradição hermética, destacando as correspondências simbólicas e cabalísticas.
  7. Arthur Edward Waite (1857-1942): Waite foi um estudioso do ocultismo britânico e membro da Golden Dawn, tendo assumido a ordem quando a mesma já estava em um período de franca decadência. Ele é mais conhecido por ter criado o baralho de Tarot chamado Rider-Waite, que se tornou um dos baralhos mais populares e influentes do Tarot por ser o primeiro que contava com ilustrações (de Pamela Smith) na representação dos Arcanos Menores. Em suas obras, como “A Pictorial Key to the Tarot” (1911), ele apresentou interpretações das cartas baseadas principalmente nos princípios herméticos.
  8. Manly P. Hall (1901-1990): Hall foi um escritor e filósofo americano, conhecido por sua ampla pesquisa e estudos sobre esoterismo e filosofia oculta. Em sua obra “The Secret Teachings of All Ages” (1928), ele abordou diversos tópicos herméticos, incluindo o Tarot, explorando as correspondências simbólicas e esotéricas das cartas.
  9. Dion Fortune (1890-1946): Fortune foi uma escritora e ocultista britânica que fundou a Sociedade da Luz Interior. Em seus escritos, como “The Mystical Qabalah” (1935), ela explorou as conexões entre a Cabala e o Tarot, destacando as influências herméticas nessas tradições.
  10. Oswald Wirth (1860-1943): Wirth foi um ocultista e artista suíço que desenvolveu seu próprio baralho de Tarot baseado em simbolismo hermético. Seu baralho, conhecido como Tarot de Wirth, apresenta uma interpretação mais alquímica e esotérica dos Arcanos Maiores.
  11. Robert Wang (1938-2013): Wang foi um escritor e estudioso americano que explorou extensivamente a relação entre o Tarot e a tradição hermética. Em sua obra “The Qabalistic Tarot” (1983), ele examinou as correspondências cabalísticas e herméticas nas cartas do Tarot, fornecendo uma análise detalhada dos Arcanos Maiores.

Escrevi um artigo sucinto sobre o tarot e suas origens ocultistas e herméticas, no qual é apresentado alguns esclarecimentos pormenorizados sobre certas contradições e questionamentos oriundos dessa linha de pesquisa que pode ser acessado aqui: O Tarô de Marselha

Há ainda uma série de inúmeros outros autores entre antigos e modernos que devem ser estudados: Paul Foster Case, Rachel Pollack, Gareth Knight, Gareth Knight, Alejandro Jodorowsky, Robert M. Place, Enrique Enriquez, Mary K. Greer, Rachel Curtis, etc, autores influenciados por essa interconexão entre elementos do tarot e os elementos simbólicos oriundos das ciência herméticas e ainda, com o acréscimo de elementos ligados à psicologia, sobretudo a psicologia analítica e a psicanálise…

Tarot e a teoria dos arquétipos

Tarot, Jung e os arquétipos
Tarot e a teoria dos arquétipos

Dentro das diversas escolas de estudos tarológicos, essa atualmente é a que mais se destaca.

De algum modo, há uma busca pela validação e desmistificação do tarot através dessa associação aos conceitos da psicologia analítica, e, em especial, sobre a figura de Carl Jung, que diga-se, nunca realizou nenhuma pesquisa sobre o tarot.

Porém, observamos diversos elementos de new age inseridos nas explicações das mais diversas teorias que surgem sobre o tarot associado a psicologia analítica e, atualmente, começa a surgir também a associação do tarot com teorias psicanalíticas.

O que aparentemente pode estar acontecendo é, a exemplo das teorias misticas e ocultistas que buscaram “sofisticar” o tarot nos séculos passados, procurando tirá-lo da “vulgaridade” dos jogos de azar ou das mãos de simples cartomantes, de modo análogo, podemos pensar que nesses últimos 50 anos, a busca por supostas teorias psicológicas que expliquem e justifiquem o trabalho com o tarot são a tônica.

E não que como possibilidade de leitura do sistema simbólico inserido nas cartas do tarot, essas teorias psicológicas não sejam interessantes.

Contudo, é muito importante que não se restrinja o tarot a esses modelos, pois, apesar de uma lógica interna interessante e que até certo ponto fazem algum sentido, a psicologia analítica e a psicanálise não passam de teorias que tentam explicar o psiquismo humano permeadas por diversos elementos controversos e algumas vezes até mesmo contraditórios, ou seja, ainda muito questionáveis.

Mas vamos procurar compreender como consultar as cartas do tarot em associação à teoria dos arquétipos.

Conceito de Arquétipo e o Tarot

O conceito de arquétipo é originário da psicologia analítica desenvolvida por Carl Gustav Jung. Ele descreve os arquétipos como padrões universais e ancestrais de pensamentos, símbolos, imagens e mitos que estão presentes no inconsciente coletivo da humanidade.

Segundo Jung, os arquétipos são formas primordiais e básicas de representação psíquica que se manifestam em nossas experiências, sonhos, imaginação e comportamentos. Eles são considerados elementos essenciais da psique humana, que teriam um papel fundamental na formação da personalidade e na compreensão da natureza dos indivíduos.

Jung acreditava que os arquétipos são herdados geneticamente e que estariam enraizados em nossa psique desde o nascimento. Eles são universais, o que significa que são compartilhados por todas as culturas e transcendem as diferenças individuais. Segundo a teoria Junguiana, isso ocorreria porque os arquétipos são fundamentais para a sobrevivência e a adaptação humana ao longo da história.

Existem vários arquétipos amplamente reconhecidos, como o arquétipo do herói, o arquétipo do sábio, o arquétipo da mãe, o arquétipo do pai, o arquétipo da sombra e o arquétipo do animus (no caso das mulheres) ou anima (no caso dos homens). Cada arquétipo representa certos padrões de comportamento, motivações, emoções e características psicológicas que são comuns a todos nós.

Os arquétipos também se manifestam em histórias, mitos e religiões. Por exemplo, o arquétipo do herói é frequentemente encontrado em narrativas heroicas, em que um protagonista enfrenta desafios e supera obstáculos para alcançar um objetivo. Esses arquétipos nos fornecem modelos e referências para entender e lidar com a vida, bem como nos ajudam a reconhecer padrões e significados mais profundos em nossas experiências.

Sobre o arquétipo do herói, escrevi um breve texto onde é possível aprofundar esse conceito e sua relação com o tarot: Tarot e a Jornada do Herói

No entanto, é importante ressaltar que os arquétipos não são entidades concretas ou personagens reais. Eles são estruturas abstratas que existem no nível simbólico e inconsciente. Eles podem se manifestar de diferentes maneiras para diferentes pessoas, dependendo de suas experiências individuais e contextos culturais.

Para um maior aprofundamento sobre essa teoria dos arquétipos do Carl Jung, a obra básica a ser lida é Os Arquétipos e o Inconsciente Coletivo. Para uma pequena base e organização dos estudos, resumo os seguintes pontos discutidos neste livro:

  1. Inconsciente coletivo: Jung introduz o conceito de inconsciente coletivo, que é uma camada do inconsciente compartilhada por toda a humanidade. Ele argumenta que o inconsciente coletivo contém os arquétipos, que são estruturas inatas e universais que moldam nossa experiência e comportamento.
  2. Definição de arquétipos: Jung define os arquétipos como imagens e formas primordiais que são encontradas em todas as culturas. Eles são universais e transcendem as diferenças individuais. Os arquétipos representam padrões de comportamento, pensamentos, símbolos e emoções que têm uma influência poderosa sobre nós.
  3. Função dos arquétipos: Jung discute a função dos arquétipos na psique humana. Ele argumenta que os arquétipos ajudam a organizar e estruturar nossa experiência, fornecendo padrões e modelos de comportamento. Eles também têm um papel na busca pela totalidade e na individuação, que é o processo de integração e desenvolvimento da personalidade.
  4. Arquétipos primordiais: Jung identifica certos arquétipos primordiais que são encontrados em todas as culturas, como o arquétipo do Self, da Sombra, do Anima/Animus, do Herói, entre outros. Ele explora esses arquétipos em detalhes, discutindo suas características, manifestações e influências na psique humana.
  5. Símbolos e mitos: Jung enfatiza a importância dos símbolos e mitos na expressão e compreensão dos arquétipos. Ele argumenta que os símbolos são as manifestações concretas dos arquétipos e que os mitos são narrativas simbólicas que expressam os padrões arquetípicos.
  6. Individuação: Jung relaciona a teoria dos arquétipos ao processo de individuação, que é o caminho para a realização do potencial humano e a busca por um sentido de completude. Ele descreve como a compreensão e a integração dos arquétipos são fundamentais para esse processo de autodesenvolvimento.

Desse modo, pensando em aspectos práticos sobre como consultar as cartas do tarot e a teoria dos arquétipos, podemos sumariamente pensar no tarot como um espelho simbólico que reflete os padrões arquetípicos presentes em nossa psique, enquanto a teoria dos arquétipos de Carl Jung nos fornecerá uma estrutura conceitual para compreender e interpretar esses padrões.

Tarot e Sincronicidade

Outro ponto bastante explorado oriundo da psicologia analítica e que de algum modo, ao menos em tese, explicaria os meios de ação que atuam durante uma leitura de tarot chama-se sincronicidade.

É mais um conceito desenvolvido Jung, que atribui ocorrências de eventos significativos e aparentemente relacionados, mas sem uma conexão causal óbvia.

Seria uma espécie de “coincidência significativa” que vai além da mera casualidade.

De acordo com Jung, a sincronicidade desafia a visão tradicional de causa e efeito, indicando que certos eventos podem se manifestar simultaneamente, mesmo que não haja uma relação causal direta entre eles. Esses eventos sincrônicos são considerados marcantes porque carregam um sentido pessoal e ressonante para o indivíduo.

Quando uma conexão importante é estabelecida entre o mundo interno do indivíduo (seus pensamentos, emoções, sonhos) e o mundo externo (eventos, pessoas, símbolos), ocorre a sincronicidade e, desse modo, é possível observar um indício de uma ordem subjacente e um aspecto importante da psique desse indivíduo.

Desse modo, a sincronicidade promove uma forma de acesso ao inconsciente do indivíduo e ao inconsciente coletivo, ou seja, às camadas profundas e compartilhadas na psique humana que contém padrões arquetípicos e símbolos universais (os quais são encontrados nas cartas do tarot).

Assim sendo, a explicação do que acontece em uma consulta com o Tarot seria que, o processo de seleção das cartas e disposição das mesmas são como um diálogo entre a consciência do consulente e o inconsciente coletivo, onde os arquétipos estão presentes.

Parece confuso e, em alguma medida, é mesmo uma explicação meio mirabolante, mas que, em sua estrutura e lógica interna, tem sentido.

De uma maneira mais objetiva e resumida, a sincronicidade ocorre quando as cartas selecionadas na consulta de tarot refletem de forma expressiva as questões, preocupações ou situações específicas do consulente.

As cartas que surgem durante o jogo revelam informações profundas e ressonantes com a situação que o consulente vivencia, o que fornecerá uma compreensão mais ampla da situação em questão, obtendo-se assim, as respostas que se busca.

É importante destacar que a sincronicidade não deve ser confundida com adivinhação ou previsão do futuro.

Em vez disso, ela se baseia na ideia de que o universo opera em um nível mais amplo de interconexão e significado e que o Tarot pode servir como um meio para acessar essa dimensão mais profunda.

Tarot, arquétipos e sincronicidade…

Seriam esses, portanto, em suma, a base de uma linha de estudos mais moderna que influência boa parte dos autores, estudantes e profissionais, tarólogos e até mesmo psicólogos que utilizam as imagens arquetípicas das cartas do tarot para desenvolvimento de trabalhos terapêuticos.

E essa associação entre Jung e o tarot funciona?

É sabido e documentado que Jung bebeu em diversas fontes relacionadas à mitologia, às ciências herméticas, religiões comparadas, filosofia, etc. Além disso, filho de pastor protestante, conhecia profundamente as bases do Cristianismo.

Por isso, é difícil discernir até que ponto o desenvolvimento de suas teorias psicológicas não foram afetadas por elementos não científicos, por assim dizer, uma vez que, suas teorias se confundem em muitos aspectos com teorias desenvolvidas pelos antigos ocultistas do século 19.

O excelente livro The Jung Cult: The Origins of a Charismatic Movement , de Richard Noll, que recebeu o prêmio de melhor livro de psicologia de 1994 pela Associação dos Editores Americanos, aponta as diversas divergências e inconsistências nas bases teoricas da psicologia Junguiana. Neste livro, o autor também questiona dados incompletos de prontuários de pacientes que serviram de base para o desenvolvimento da teoria Junguiana, desse modo, questionando inclusive as bases científicas dos postulados propostos.

Não cabe discutir a validade ou não desses argumentos do Noll nesse artigo, apenas estou citando mais literatura para o aprofundamento da pesquisa e as conclusões cabem a cada estudante que deseja aprender como consultar as cartas do tarot.

Contudo, há de se levar em consideração que, independente da validação científica ou não dos estudos do Jung, é fato que, em teoria, muito do que Jung aponta em seus escritos contém sim uma profunda base de conhecimentos metáfisicos, e, ainda que, possam não estar adequadamente ordenados, podem ter sim um fundo de conexão com a realidade.

Desse modo, trata-se de um conteúdo fundamental para quem verdadeiramente deseja estudar o tarot o aprofundamento nesse tema.

Então, por onde começar a estudar o tarot associado a teoria dos arquétipos?

Tarot Jung
Como consultar as cartas do tarot com base na psicologia analítica de Carl Jung?

Duas ótimas sugestões de leitura para começar são Jung e o tarot, de Sallie Nichols e O tarô e a jornada do herói, do Hajo Banzhaf.

Também é muito importante ler todos os livros do Joseph Campbell, mitólogo que tem uma afinidade muito grande com a psicologia Junguiana e, evidentemente, ler também toda a literatura do Jung.

E imprescindível, o Dicionário dos Símbolos, de autoria de Jean chevalier.

Há muitos mais autores dentro dessa área de estudos e que são interessantes para quem deseja aprender como consultar as cartas do tarot, mas com essa base principal, será possível ir ampliando o cabedal de conhecimento e de autores relacionados.

E o mais importante de tudo, nunca, jamais esquecer que o tarot opera por meio de símbolos, ou seja, o estudante de tarot não deve se apegar a teorias psicológicas ou ocultistas, aliás, a teoria nenhuma, o que de algum modo, acabaria por limitar a capacidade de apreensão dos símbolos e combinações que se afiguram em uma mesa de jogo.

Deve sim, ler muito, estudar muito, filosofia, História, mitologia e, principalmente, ler muita literatura (muita mesmo, comece pelo fabuloso História da Literatura Ocidental – Otto Maria Carpeux, onde é possível encontrar todos os principais autores do mundo que devem ser lidos), pois, grosso modo, o aspecto mais importante sobre o tarot é: todas as histórias do mundo se refletem nas cartas do tarot.

O que quero dizer é que, as experiências humanas são todas muito similares. Em diversos momentos diferentes na vida das pessoas essas experiências se apresentam, e ainda que com algumas variações, de alguma maneira, o tarot por meio do seu simbolismo mostra isso com toda a clareza, basta aprender a ler…

É fácil?

Não, claro que não…

Mas nada que verdadeiramente valha a pena é fácil nesse mundo!!!

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